sábado, 24 de janeiro de 2009

Deriva dos Continentes

Nota : no slide 6 onde se lê PANGEA deve ler-se PANGEIA.






O texto seguinte foi retirado e adaptado do livro “ Uma nova concepção da Terra”, de Seiya Uyedra (edições Gradiva)

A ideia de Wegener


Em 1912 o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) propôs uma nova teoria: os continentes de ambos os lados do Atlântico — norte e sul-americano, euro-asiático e africano — já tinham estado unidos, tendo-se dividido e afastado até atingirem as posições actuais. E afirmava que todos os outros continentes, incluindo a índia, a Austrália e a Antárctida, também faziam parte de um gigantesco protocontinente, a que deu o nome de Pangeia. Wegener acreditava que o Pangeia se tinha mantido unido até finais do Carbónico, há cerca de 300 milhões de anos, e que a divisão se tinha iniciado poste­riormente, culminando na actual distribuição das massas con­tinentais.

Uma vez que o Pangeia era o único continente, encontrava-se rodeado por um enorme oceano. Naquele tempo não existiam oceanos individualizados, como o Atlântico, o Índico ou o Antárctico. Era esta a ideia essencial da deriva continental, que foi a centelha que deu origem a uma nova visão da Terra.

A ideia de Wegener resultou da constatação de que os contornos dos continentes se ajustam como peças de um enorme quebra-cabeças, podendo esta correspondência ser observada por alguém que examine cuidadosamente as linhas de costa ao longo do oceano Atlântico. Esta ideia, tão simples, foi considerada ridícula na época, visto entrar em conflito com a crença universal de que a crosta terrestre não se movia.

Wegener, meteorologista por formação, foi um dos pioneiros no campo da observação meteorológica de alta altitude. A exploração, que realizou, do até então desconhe­cido continente da Gronelândia também contribuiu para a investigação nesta área. O culminar destas diversas activi­dades traduziu-se na concepção e desenvolvimento da teoria da deriva continental. Esta começou por ser uma simples ideia, mas Wegener não a abandonou: desenvolveu-a resolu­tamente e sistematizou-a. Foi esta perseverança que fez dele um grande cientista. A qualquer cientista ocorrem espo­radicamente ideias, mas a maior parte delas não são desen­volvidas e são esquecidas por parecerem demasiado fantásti­cas ou impraticáveis. A maioria é, na realidade, inútil. Aliás, Wegener confessou que ele próprio considerara a possibili­dade da deriva continental como algo fantástico e impossível, não lhe tendo de início dado a devida atenção. Contudo, ao contrário de muitos cientistas que desistem de ideias interes­santes e posteriormente se arrependem, iniciou o desenvol­vimento da sua, aparentemente simples, teoria, procurando obter novos conhecimentos através do estudo da geologia e da paleontologia, campos distantes da sua especialidade. Este projecto, concebido em 1910, foi interrompido pelas expedi­ções à Gronelândia e pelo serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial, na qual foi ferido. No entanto, tais obstácu­los não o demoveram. Em 1915 publicou um trabalho monumental, Die Entstehung der Kontinente und Ozeane (A Origem dos Continentes e dos Oceanos), revisto por ele próprio três vezes até 1945, e em 1924, conjuntamente com o meteorologista Koppen, Die Klimate der Geologischen Vorzeit (O Clima no Decor­rerdos Tempos Geológicos), tendo, durante este período, publi­cado ainda diversos outros artigos.

Estes trabalhos foram fruto da sua concepção revolucionária da Terra, desenvolvida a partir do conceito da deriva continental. Parecia que a mo­derna ciência da Terra tinha evoluído na mente de um homem excepcional que se encontrava dezenas de anos avançado no tempo.


Duas surpresas neste post e na aula. Acabei a ler umas páginas deste velhinho livro da Gradiva "Uma nova Concepção da Terra, da autoria de Seiya Uyeda. Pena que só possa ser encontrado nas bibliotecas.

A primeira surpresa o interesse dos alunos pela crise permo-triássica, o que quer dizer que esta nova geração seja menos Uniformitarista e tenha uma inclinação pelo Neocatastrofismo. Um catastrofismo com causas bem naturais. A segunda surpresa veio dos glaciares em África, e um mundo gelado no final do Paleozóico... uhau! Foi ver uma turma de sétimo a delirar com uma "idade do gelo" tendo como estrelas os Leões e as Hienas. Bem lá tive de lembrar aos "catraios", que na última aula ficou claro que no Paleozóico quem dominava eram as .. Trilobites e mamíferos como as hienas e leões, eram apenas projectos.. da Evolução.

Assim em baixo transcrevo partes deste capítulo de Seiya Uyeda:

Ligação directa

A mais convincente evidência da ligação directa entre os continentes é a distribuição dos antigos glaciares. A glaciação produz-se na Terra a intervalos regulares. No Quaternário, que dura há cerca de 2 milhões de anos, a Terra passou por vários períodos glaciários, separados por períodos interglaciários. Durante o último período glaciário, que terminou apenas há cerca de 10 000 anos, a maior parte da Europa e da América do Norte estava coberta por espessas camadas de gelo. Contudo, durante o período que antecedeu o Quater­nário a Terra esteve livre das glaciações por mais de 100 mi­lhões de anos. Desconhecemos ainda o motivo por que ocorrem as glaciações apenas em determinadas alturas, o que constitui um interessante tópico de debate, mas não podemos examiná-lo aqui por razões de espaço.
O que nos interessa é o tipo de evidência que os glaciares deixaram no decorrer da história da Terra. Um espesso gla­ciar continental sulca as rochas ao mover-se, deixando traços inconfundíveis, denominados estrias glaciarias, esculpe aciden­tes topográficos, como vales glaciários de paredes abruptas, fragmenta e mói as rochas, transporta estes fragmentos para jusante e, à medida que se funde, deposita-os na parte frontal do glaciar. Os depósitos sedimentares resultantes são tão característicos que essa origem glaciaria pode ser facilmente reconhecida pela vista treinada do geólogo, mesmo decorri­dos milhões de anos desde a fusão do glaciar. O exame das distribuições dos glaciares na antiga história geológica da Terra revela que existiam extensas áreas glaciadas no Permo--Carbónico, há, aproximadamente, 300 milhões de anos, e que esta glaciação afectava todos os continentes do hemis­fério meridional.
Olhando para o mapa respectivo, figura 1 deparamos imediatamente com um aspecto relacionado com a distri­buição dos glaciares: regiões tropicais, como a índia e a África, encontravam-se sob gelo, ao passo que não existem praticamente vestígios de glaciação no resto do hemisfério norte durante este período, mesmo em massas continentais próximas do actual pólo norte.



A teoria da deriva continental proporciona-nos uma expli­cação bem definida. Na figura abaixo, podmos observar o continente original Gonduana, podemos ver que as áreas glaciadas formam uma camada de gelo quase circular sobre a região polar. Foi, provavelmente, devido a esta impressiva evidência que a teoria da deriva continental atraiu defensores entusiastas, como o sul-africano A. L. du Toit e o tasmaniano S. W. Carey, mesmo após ter sido virtualmente abandonada pela maioria dos geólogos do hemisfério setentrional.


Os geólogos do hemisfério meridional, pelo contrário, tendo observado os antigos vestígios glaciados, sabiam que estes só podiam ser ex­plicados se fosse possível provar que os continentes se tinham movido.



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