O vulcanismo é o fenómeno geológico mais surpreendente, assunto fascinante para fotógrafos e cineastas. Para o geólogo um vulcão tem a propriedade inestimável de trazer à superfície material silicioso fundido, a que se chama magma.
Ora, o interior do Globo, excepto a parte externa do núcleo, encontra-se em estado sólido. A produção de magma implica, em primeiro lugar, a fusão de uma parte do manto. O magma assim formado tem de abrir caminho para a superfície. Quando a alcança, fala-se de vulcões; quando pára na profundidade, aí cristalizando lentamente, cercado de rochas quentes, fala-se de plutões.
Os granitos são rochas plutónicas. O fenómenos magmáticos são, portanto, transferências de materiais em fusão das profundezas para a superfície, ou seja de zonas de temperaturas mais elevadas para zonas de temperaturas mais baixas. Trata-se de fenómenos que também transportam calor. Transporte de massa e transporte de energia térmica, eis a dualidade que caracteriza o vulcanismo.
Quando, após ter chegado à superfície, o magma arrefece e se solidifica, dá origem a rochas vulcânicas, cujo aspecto é muito característico, tanto ao microscópio como a olho nu. Deste modo, foi possível detectar a presença de rochas vulcânicas em todas as formações geológicas, incluindo as mais antigas, as que possuem 3000 milhões de anos, na superfície da Lua, e, graças às fotografias tiradas pelas missões espaciais, sabe-se que a actividade vulcânica também existiu em Mercúrio e Marte. Tudo parece indicar que o fenómeno vulcânico é uma manifestação das mais gerais no sistema solar e que sempre que ocorre comprova uma actividade interna do planeta.
O mapa dos vulcões actualmente activos à superfície da Terra revela que se distribuem por zonas estreitas e bem definidas. As cristas oceânicas constituem as zonas em que o vulcanismo se revela mais activo, se bem que bastante discreto, dado que na maioria dos casos é submarino. A Islândia, situada na crista médio-atlântica, possui, no entanto, uma actividade vulcânica intensa. As dragagens efectuadas nas cristas oceânicas trazem à superfície lavas recentes, que revelam um vulcanismo muito abundante. Nos continentes as cristas que se encontram em formação, como é o caso da zona dos grandes lagos africanos, comprovam igualmente uma grande actividade vulcânica.
Vulcanicamente activas são também as zonas de subducção. Basta lembrar a actividade vulcânica do Japão, das Filipinas, das ilhas da Sonda ou ainda do Chile, do Peru, do México ou da América Central. Apenas as zonas de falhas transformantes são vulcanicamente inactivas. Deste modo, fica clarificado o famoso problema da associação existente entre vulcões e sismos. Todas as zonas vulcânicas são sismicamente activas, mas o contrário já não é verdadeiro.
Não existem vulcões actuais na Turquia, na Jugoslávia no Norte da Grécia, tal como também não existem na zona da falha de Santo André, na Califórnia. Apenas os limites de placas em que existem movimentos com uma componente vertical contêm vulcões, quer nas cristas, onde o manto vem fabricar novas superfícies oceânicas, quer nas zonas de subducção, em que porções das mesmas superfícies oceânicas desaparecem nas profundidades. As falhas transformantes, zonas ao longo das quais a superfície é conservada, são somente os locais em que se registam movimentos horizontais, sendo, assim, «avulcânicas». A distribuição do vulcanismo pelo Globo parece, portanto, estar de acordo com o princípio da tectónica de placas.
Claude Allègre - A Espuma da Terra. Gradiva